Um capelão anglicano no Reino Unido afirmou ter cogitado atear fogo ao próprio corpo durante uma sessão do Sínodo Geral da Igreja da Inglaterra, como forma de protesto contra sua exclusão contínua do ministério.
O reverendo Dr. Bernard Randall, em entrevista ao jornal The Mail on Sunday, declarou que a decisão foi considerada após “longos períodos de desespero e desesperança” causados pelo tratamento recebido da própria Igreja, que o classificou como “risco moderado para crianças” devido a um sermão proferido em 2019 sobre casamento e sexualidade sob a perspectiva bíblica.
Randall, que serviu por cinco anos como capelão no Trent College, em Derbyshire, ganhou destaque em 2021 ao processar a instituição, afiliada à Igreja da Inglaterra, por demiti-lo após o sermão no qual encorajava alunos de 11 a 17 anos a refletirem sobre as alegações de ativistas LGBT. A escola também o denunciou à agência de combate ao terrorismo Prevent, que concluiu não haver ameaça.
O episódio ocorreu após a visita de Elly Barnes, fundadora da extinta instituição Educate and Celebrate, para treinamento de professores com o objetivo de “acabar com a heteronormatividade”.
O sermão, ainda disponível online, apresentou a visão bíblica sobre sexualidade e casamento e alertou que os valores defendidos pela organização de Barnes divergiam dos “princípios protestantes e evangélicos da Igreja da Inglaterra”. Após o episódio, Randall foi suspenso, reintegrado por apelação e novamente afastado, sendo demitido definitivamente em 31 de dezembro de 2020. A Diocese de Derby, sob liderança da reverenda Libby Lane, manteve a restrição à sua atuação ministerial após uma investigação de proteção.
Em entrevista, Randall afirmou: “Foram seis anos de silêncio, vergonha e exílio espiritual. Fui punido não por transgressão, mas por crer”. Ele disse ainda que as crenças citadas em seu sermão correspondem às posições oficiais da Igreja da Inglaterra, embora durante uma reunião de salvaguarda em junho tenham sido tratadas como “suas opiniões”.
O Christian Legal Centre, que o representa, classificou a postura da Igreja como “falha de cuidado pastoral e testemunho cristão”. Andrea Williams, diretora executiva da entidade, defendeu sua reintegração: “A recusa contínua da Igreja em readmiti-lo, apesar de sua defesa, é uma falha grave”.
A Diocese de Derby declarou ao The Christian Post que está trabalhando com Randall “para abordar as preocupações que ele levantou” e seguindo “a orientação da Câmara dos Bispos” para concluir o processo “o mais rápido possível”.
O caso ocorre em meio à queda de confiança na Igreja da Inglaterra. Pesquisa da YouGov divulgada neste ano apontou que 50% dos britânicos defendem sua dissolução, contra 23% que desejam manter o status atual.
O cargo de arcebispo de Canterbury está vago desde janeiro, após a renúncia de Justin Welby, que deixou o posto depois de uma investigação sobre falhas na comunicação de abusos cometidos por um voluntário em acampamentos cristãos.
Fonte: Gospel mais