Em junho, o Partido Comunista da China (PCCh) destacou oficialmente o boneco de pelúcia Labubu como novo símbolo de sua propaganda cultural. A figura — conhecida por seus olhos esbugalhados e dentes pontiagudos — foi exaltada pelo Qiushi, principal jornal teórico do regime chinês, como exemplo da “criatividade nacional” e símbolo da transição da China de “fabricante” para “criadora de produtos”.
Segundo o artigo, o Labubu se junta a outras criações chinesas de impacto internacional, como o jogo Black Myth Wukong e a animação Ne Zha 2. O texto afirma que o sucesso do boneco se deve à “competência da empresa, à visão de longo prazo e à inovação contínua”. O veículo estatal ainda enfatiza: “Labubu é outra manifestação vívida da criatividade e dos produtos inovadores da China sendo reconhecidos pelo mundo”.
Entretanto, enquanto na China o personagem é promovido como expressão do potencial criativo nacional, no Brasil ele tem sido alvo de críticas entre líderes cristãos, que alertam sobre possíveis influências espirituais negativas.
A influenciadora cristã Karina Milanesi compartilhou, há cerca de um mês e meio, uma análise sobre o brinquedo em suas redes sociais. Segundo ela, o Labubu pode não ser tão “inofensivo” quanto parece, especialmente do ponto de vista espiritual. “Algo estranho ganha uma grande notoriedade, e isso me chama atenção”, afirmou, explicando que seu trabalho envolve estudar a influência do mercado sobre as pessoas, com ênfase nas crianças.
Karina apontou que o tema vai além da estética: “Tudo é espiritual! Então se você não tem princípios bíblicos e não se importa muito com a questão espiritual, pode pular esses stories. E não é pra ser grossa não, mas é porque provavelmente você vai achar tudo uma besteira”, disse. A influenciadora também citou 1 Coríntios 2:14: “Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente”.
Usando uma definição disponível na internet, Karina destacou que o Labubu é descrito como um personagem de estética “feia-fofa”, que mistura elementos grotescos e sombrios com carisma infantil. O artista Kasing Lung, criador do boneco, teria se inspirado no folclore nórdico e em contos de fadas europeus para desenvolver a figura. “O artista tem inspirações totalmente espirituais, e nós queremos pensar que é só um bichinho estranho! Tá todo mundo usando? Então tá de boa!”, ironizou.
O pastor André Valadão também se manifestou sobre o tema em um vídeo publicado no Instagram. Ele alertou sobre a popularidade repentina do boneco e disse que sua aparência pode sugerir inspiração em elementos espirituais negativos. “Esse bonequinho aí que tá essa febre, esse design estranho dá essa sensação de que é inspirado em algo meio sombrio”, declarou.
O pastor continuou: “A indústria sempre faz algumas referências assim. Isso nunca foi novidade”. Ele explicou que o objetivo de sua fala não era gerar medo, mas incentivar os cristãos a desenvolverem discernimento espiritual. “Antes de qualquer coisa entrar na sua casa, ore, peça ao Espírito Santo sensibilidade para perceber se há influência boa ou ruim”, aconselhou.
Valadão finalizou seu alerta fazendo um apelo aos pais cristãos para que estejam atentos ao que os filhos consomem: “Nossas crianças são bombardeadas todos os dias por personagens, histórias e produtos que podem sim carregar muitas mensagens sutis, subliminares. A atenção precisa vir dos pais”.
A figura do Labubu, portanto, passa a ocupar um espaço singular no debate cultural contemporâneo: enquanto representa um marco de orgulho criativo na China, é vista por líderes cristãos brasileiros como possível canal de influência espiritual adversa — o que evidencia a diferença de valores e visões entre os contextos oriental e ocidental.
Fonte: Gospel mais